Informação
Final Fantasy VII
* Gênero: Storytelling
* Geração: 32-bit
* Console: Playstation / PC
* Ano: 1997
* Desenvolvedor: Square
Contexto
Final Fantasy VII começou bem antes do que a maioria imagina, pois o seu desenvolvimento já havia começado logo após o lançamento de Final Fantasy VI, em 1994, e seria feito para o Super Nintendo. No entanto, a Square redirecionou parte do time encarregado para ajudar com Chrono Trigger, que viria a se tornar outra obra-prima da empresa, e o projeto foi adiado. Quando a idéia foi retomada, a quinta geração de consoles já estava eclipsando a quarta geração, então o projeto foi movido para os consoles de quinta geração, que permitiriam gráficos em 3D e vídeos de melhor qualidade.
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Imagens espetaculares para os fãs da série acostumados com
animações de sprites. |
E foi aí que começou uma das rupturas mais marcantes entre empresa desenvolvedora de jogos e empresa de consoles. A Square possuia um contrato de exclusividade com a Nintendo, mas durante os testes com engines 3D, ela percebeu que um RPG em 3D demandaria muito espaço, e o console de quinta geração da Nintendo, o Nintendo 64 decidiu utilizar cartuchos de memória ao invés de CDs como mídia de armazenamento, ao contrário da concorrência, e isso tornou impraticável o desenvolvimento de um jogo nos moldes que a Square almejava. Então, ela rompeu com a Nintendo e anunciou o próximo título de sua série mais celebrada para o Playstation da Sony.
E não pode se dizer que a escolha não tenha sido acertada. O Playstation ganhou de longe a disputa da quinta geração, vendendo mais de 100 milhões de consoles. E Final Fantasy VII foi um grande catalista para isso, ajudando a vender o console para uma audiência que ainda relutava em fazer a mudança para a quinta geração em meados de 1997. Vendendo a incrível marca de 10 milhões de cópias, Final Fantasy VII foi um sucesso absoluto de público e crítica, aliando gráficos excelentes para a época, uma história deveras intrigante e envolvente e um mecanismo de jogo muito interessante, fazendo-o merecer todas as menções que ele recebe nas listas de melhores jogos de todos os tempos, onde não-raramente frequenta a primeira posição.
O que é legal em Final Fantasy VII
A primeira coisa que provavelmente impressionou o jogador de Final Fantasy VII na época foi a abertura, totalmente em vídeo de animação em 3D. E não só por causa de ser um vídeo em 3D, com os quais os fãs da série não estavam acostumados, mas por causa do tom épico que o vídeo dá ao jogo, apresentando um pouco do mundo em que o jogo se passa de forma magistral, fazendo com que o jogador tenha uma imersão imediata no mundo mágico de Final Fantasy VII.
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Cenário futurista rompe com o
tradicional ambiente medieval |
A história começa na cidade futurística e decrépita de Midgar. Saindo de um trem, o jogador assume o papel de Cloud, um jovem ex-soldado que largou a vida militar para se unir a um grupo terrorista, liderado por Barrett, que planeja destruir um reator de energia Mako que, apesar de prover energia para o conforto das pessoas, está contribuindo para a destruição do planeta. No entanto, os motivos de Cloud são obscuros, e o seu comportamento bem estranho. E, a medida que a história se desenrola, novos aspectos sobre o mundo, as relações sociais, a história, a política e a mitologia do planeta vai sendo revelada, sempre de forma bastante instigante, com a entrada de novos personagens, todos eles bem desenvolvidos e interessantes. Há momentos dramáticos, cômicos e divertidos, equilibrando bem a narrativa durante todo o jogo.
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Agora o bicho pega. |
Além da história principal, o jogo possui diversos mini-games dentro dele e missões opcionais, que servem para fornecer novos items ou desenvolver partes adicionais da história. Esses elementos adicionais são bem dosados, de forma que não comprometem a história para o jogador que não tem vontade ou tempo para fazer as missões adicionais, mas enriquecem bastante a experiência de quem se dedicar a explorar os segredos do jogo, além de apresentar desafios a mais para o jogador que gosta de batalhas épicas.
Por que Final Fantasy VII é um divisor de águas na história dos RPGs
Final Fantasy VII foi um projeto ambicioso da Square que rendeu frutos inigualáveis para a empresa e mudou de vez a cara do gênero. Antes de Final Fantasy VII, JRPGs costumavam ser um sucesso apenas no Japão, sendo um gênero de nicho no ocidente. FFVII finalmente quebrou a barreira entre o ocidente e o oriente, sendo um enorme sucesso no ocidente. Ele é constantemente citado pelos jogadores como a porta de entrada para este gênero de jogos.
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A beleza das imagens contribui
muito para a experiência de FFVII |
Além disso, os investimentos da Square com animações por computação gráfica viraram padrão para os RPGs que vieram a seguir. A própria Square, que até FFVI investia pouco em visuais, animações e imagens, tornou-se uma líder em animação por computação gráfica, aventurando-se inclusive na indústria do cinema (com resultados negativos), e hoje angaria várias críticas por investir mais em visuais que em jogabilidade ou enredo de seus RPGs. No próprio FFVII há, as vezes, um excesso de animações, principalmente em certas magias/summons utilizados constantemente, fazendo com que batalhas durem muito mais do que o desejado pelo jogador não pelo seu desafio, mas por causa da repetição desnecessária de vídeos belos, mas cansativos.
Mas, apesar da qualidade técnica impecável, Final Fantasy VII não se destaca apenas pelo visual: o jogo possui um mecanismo interessante de customização de personagens através de materias, items que podem ser alocados nos equipamentos dos personagens, conferindo-os habilidades especiais, magias e bônus, dando mais liberdade ao jogador em escolher os personagens que deseja utilizar durante o jogo.
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Início de uma jornada épica. |
E, principalmente, Final Fantasy VII apresenta uma história envolvente, complexa, com temas muito atuais que remetem o jogador à reflexão. Apesar de toda a ambientação fantástica, o jogo lida com temas atuais como terrorismo, exploração de pessoas e do planeta, grandes corporações e o eterno conflito entre o bem e o mal de forma original. Em FFVII, ao contrário dos jogos anteriores da série, o conflito não é do grande vilão contra o grande herói. Ao invés de preto e branco, todos os personagens estão em diferentes matizes de cinza, mais claras ou mais escuras, mas não sem seus defeitos, suas qualidades e até os vilões possuem alguma lógica em seu raciocínio.
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Certas cenas são estrategicamente colocadas
para um ar mais "cool" ao jogo. |
Além disso, o ritmo de evolução da história é perfeito no primeiro CD dos três que compõe o jogo original, apresentando novos acontecimentos e desdobramentos de forma frenética, culminando com uma das cenas mais impactantes da história dos RPGs no fim deste CD. Depois, o jogo perde um pouco o fôlego e há o drama se torna um pouco excessivo, mas a história continua intrigante até o final. Todos os PCs e vários dos NPCs possuem uma história bem desenvolvida, fazendo com que o jogador consiga simpatizar facilmente com todos eles. Não foi a toa que esse RPG foi tão simbólico e marcante para toda uma geração.
O legado de Final Fantasy VII pode ser visto em todas as suas continuações, spin-offs, e merchandisg relacionado, inclusive em outras mídias como livros e até um longa metragem, Final Fantasy VII - Advent Children, que se passa anos após a história do jogo. Todos esses itens tentam capitalizar no sucesso do jogo original. Infelizmente, muitas das continuações, spin-offs e itens relacionados são puro caça-níquel, de baixa qualidade. O legado também está presente em outros jogos da série, nos quais os personagens e elementos de FFVII aparecem de alguma forma, seja pessoalmente, seja como uma influência clara nos elementos dos outros jogos.
E esse legado é inegável principalmente por ser o remake mais pedido e aguardado da história, com petições que alcançam centenas de milhares de signatários. Isso é uma prova de que o jogo possui um lugar especial guardado nos corações de todos esses fãs, que adorariam ter a oportunidade de reviver toda a mágica do mundo de Final Fantasy VII mais uma vez.